Manifestações orais da COVID 19 e como abordar o tema

Além de ser uma doença nova e desconhecida, um dos lados mais assustadores da COVID-19 é termos verificado que afeta cada pessoa de forma diferente. Embora se verifiquem alguns sintomas comuns, em função da tipologia de cada paciente, essa é uma doença que continua revelando-se muito imprevisível! Nosso desconhecimento sobre ela, também faz com que todos os dias a comunidade científica assuma novas teorias e inicie pesquisas.

De momento, a maioria dos pacientes infectados desenvolvem a doença apresentando sintomas que variam de ligeiros a moderados. A maioria dos doentes, inclusive, acaba recuperando-se sem necessidade de ser hospitalizado, sendo que os sintomas mais manifestados são:

  • Febre
  • Tosse seca
  • Fadiga

Outros sintomas da COVID-19 demonstrados, embora menos comuns, são:

  • Tensão e dores musculares
  • Dores de garganta e possível inflamação
  • Diarreia
  • Desenvolvimento de conjuntivites
  • Dores de cabeça
  • Perda de paladar
  • Perda de olfato
  • Irritações na pele
  • Descoloração dos dedos das mãos e/ou dos pés

Já pacientes em situações mais graves revelaram padecer de:

  • Dificuldades respiratórias
  • Falta de ar
  • Pressão ligeira ou intensa no peito
  • Dor no peito
  • Perda da fala
  • Capacidade motora reduzida

Apesar da doença apresentar sintomas mais fortes numa população mais envelhecida ou com problemas respiratórios prévios registrados, a verdade é que todos devemos estar em alerta – mesmo os jovens e saudáveis. Por isso, a recomendação em todos os países do mundo tem sido orientar a população a procurar assistência médica imediata, inclusive quando apresentam “apenas” sintomas leves.

Muitos desses pacientes conseguem tratar-se em casa, sem ter de visitar uma clínica ou um hospital. Em média, um paciente infectado com essa estirpe de coronavírus, demora entre cinco a seis dias para manifestar sintomas.

O que tem a odontologia a acrescentar?

Como referimos antes, as manifestações típicas incluem febre, tosse seca, cefaleia e fadiga. Contudo, novos sintomas estão sendo referidos. Vários pacientes incluíram novas lesões orais como manifestações associadas à COVID-19, queixando-se do aparecimento de:

  • Ulcerativas
  • Vesico-bolhosas
  • Maculares

Apesar de haver algumas lesões mais comentadas pelos pacientes, uma vez que muitos se tratam em casa, há uma clara falta de exames bucais e consequente diagnóstico. Desse modo, é difícil apresentar estudos e resultados concretos sobre a ocorrência de manifestações orais no âmbito da COVID-19. A seguir, listamos alguns dos tipos de lesões mais referidas.

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Tipos de lesões orais em pacientes com COVID-19

De momento, têm sido três os tipos de lesões orais mais observados em pacientes com essa estirpe de coronavírus. São elas:

Lesão ulcerativas

As lesões ulcerativas têm sido as manifestações orais mais mencionadas pelos pacientes com COVID-19.  As queixas variam entre úlceras únicas, múltiplas, dolorosas ou erosões mais graves. Em muitos casos, o local mais afetado tem sido o dorso da língua.

Contudo, têm sido reportados também casos de lesões no palato duro e na mucosa bucal. Vale ressaltar que, além da doença, também devemos considerar outros fatores para o aparecimento desse tipo de úlceras, como a erupção cutânea causada pelos medicamentos, a vasculite ou a vasculopatia, por exemplo.

Lesões Vesico-bolhosas e maculares

No caso das Vesico-bolhosas e maculares, elas se apresentam de diferentes formas. Houve pacientes que se queixaram de bolhas, enquanto outros apresentaram lesões eritematosas, petequiais e eritema multiformes. De todas, as do tipo eritema multiformes têm sido as mais observadas pelos pacientes diagnosticados com COVID-19.

Lesões aftosas

Por último, as lesões aftosas também se encontram nas listas de problemas mais verificados. Nesse caso, elas se apresentam como múltiplas úlceras superficiais, podendo revelar halos eritematosos e pseudomembranosa amarelos e brancos nas mucosas queratinizadas e não queratinizadas. 

Na maioria dos casos, as lesões aftosas sem necrose manifestam-se em pacientes mais jovens com infecções leves ao contrário das lesões aftosas com necrose e crostas hemorrágicas que são mais frequentemente diagnosticadas em pacientes mais velhos, com um quadro de imunossupressão e infecção grave.

Regressão das lesões

Na maioria dos casos, a regressão das lesões orais parece estar associada à melhora do paciente. É de assinalar que o nível elevado de fator de necrose tumoral‐α em pacientes com Covid‐19 poderá levar, em alguns casos, à quimiotaxia de neutrófilos para a mucosa oral e ao aparecimento e desenvolvimento de aftas.

Contudo, continua sem ser muito claro o que origina o quê, uma vez que o estresse e outros sintomas de imunossupressão secundários associados à infecção por Covid-19 poderão estar contribuindo para o surgimento de essas lesões.

Odontologia contra a COVID-19

Como referimos antes, não há como ter 100% de certeza da relação entre a COVID-19 e os sintomas orais apresentados por alguns pacientes. De momento, a perda de paladar é mesmo o único sintoma oral associado à doença.

Recentemente alguns especialistas começaram a compartilhar informação e imagens de sintomas que afetam a língua dos contaminados de longa duração. Por exemplo, foi apresentado um caso de um paciente de 32 anos infectado e cuja língua exibia macroglossia e saliências nas bordas às quais os especialistas não conseguiram dar resposta.

Também no Irã, investigadores, numa revisão de 17 estudos, descobriram que 170 pacientes, com idades compreendidas entre os 9 e os 90 anos, acabaram desenvolvendo manifestações orais. Segundo eles, os sintomas orais tendem a aparecer após os gerais, como a febre ou astenia. Também na Espanha, de acordo com uma investigação recente, um quarto dos pacientes (78 casos) com a doença acabou por apresentar sintomas orais.

A falta de estudos e de um exame oral completo torna impossível obter números exatos. Todos os estudos e investigações aqui referidas revelam limitações – limitações estas que são assumidas pelos próprios autores.

Assim sendo, devemos encará-las como um alerta e um forte indicador de como a cavidade oral pode estar frequentemente envolvida na epidemia. Por essa razão, é tão importante que os dentistas e seus colaboradores se mantenham informados e atualizados, procurando saber mais sobre as recentes pesquisas sobre os sintomas da COVID-19 nas mucosas.

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