Foi em 30 janeiro de 2020 que a OMS (Organização Mundial da Saúde) reconheceu uma pandemia global devido à COVID-19, decretando o estado de emergência em saúde pública mundial. Nessa altura, sabíamos ainda muito pouco sobre o vírus. Sabíamos, sim, que os primeiros casos tinham aparecido em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, situada na província de Hubei, na China. Sabíamos também que esse era um vírus cuja origem é animal – ao contrário do que muitos afirmam, ainda não é claro o animal “responsável” – cuja mutação acabou mais tarde por infectar humanos.
Vimos também que embora para muitos a doença se manifestasse com sinais clínicos leves, e muito semelhantes aos de uma gripe, existem também casos mais graves, sendo frequente a evolução a pneumonias bilaterais.
Mais de um ano depois, nosso conhecimento face ao vírus, à sua propagação e à sua cura é bem maior. E não deixa de ser notável que, em um ano, a comunidade científica tenha conseguido trabalhar e apresentar não uma, mas várias vacinas para combater esta doença. É certo que ainda paira alguma incerteza no ar, mesmo quanto à efetividade de cada uma, mas não deixa de ser um progresso assinalável e que merece nosso respeito e consideração por toda a comunidade científica.
No Brasil, segundo dados do dia 25 de fevereiro, divulgados pela Secretaria de Saúde, já foram aplicadas ao menos uma dose da vacina em mais de 6,33 milhões de habitantes, um número que representa 2,99% da população brasileira. Quanto à segunda dose, essa já foi aplicada em um total de 1.750.781 pessoas, ou seja, 0,83% da população do país.
A transmissão do vírus – e como se proteger
Apesar do processo de vacinação continuar em marcha, isso não significa que podemos nem descansar, nem vacilar. Hoje em dia, todos sabemos que a principal fonte de transmissão do vírus é a inalação de gotículas de saliva e de secreções respiratórias oriundas de tosse e de espirros das pessoas infectadas ou simplesmente portadoras do vírus. Em menor número, também foram registrados casos de transmissão via contacto através de mucosas – nasal, oral e ocular.
Como a boca é uma das principais portas de entrada do vírus no corpo humano, faz todo o sentido tomar medidas extra de proteção. Por isso, para evitar a propagação da COVID-19 é importante:
- Lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou com uma solução à base de álcool.
- Manter uma distância segura.
- Usar máscaras de proteção.
- Evitar tocar a boca, os olhos ou o nariz com as mãos.
Odontologista contra a COVID-19
A par destas medidas, compete também à odontologia informar e sensibilizar para a importância de uma higiene oral cuidadosa no combate aos mais diversos vírus. Afinal, como todos sabemos e, já aqui referimos, a boca é a principal porta de entrada de vírus no corpo humano.
É importante que todos os profissionais de saúde oral (sejam eles dentistas, higienistas e/ou auxiliares) continuem a aconselhar e a esclarecer sobre a importância de uma boa rotina de higiene bucal não só para cuidado dos dentes, mas também para tonificar e fortalecer as mucosas e gengivas. Nas consultas, aconselhe sempre seus pacientes a:
- Escovar os dentes três vezes ao dia (no mínimo).
- Lavar sempre bem as mãos – antes e depois de limpar os dentes.
- Nunca compartilhar a escova de dentes.
- Ainda sobre a escova, relembre seus pacientes da importância de trocá-la com frequência, antes que as cerdas se danifiquem.
- Uso regular de antissépticos orais.
Antissépticos orais curam a COVID-19?
É um fato, e certamente você concorda, quando dizemos que os antissépticos orais ajudam a diminuir a carga viral na boca. No inverno de 2020, chegou mesmo a ser publicado um artigo no “Jornal das Doenças Infecciosas”, da Universidade do Vale do Rurh, que defendia que uma lavagem regular da boca podia limitar a transmissão da COVID-19. Alguns cientistas chegaram ainda a sugerir que o uso do enxágue bucal conseguiria matar o vírus dentro da boca. Posteriormente a essas informações, várias universidades e cientistas se debruçaram sobre o tema e fizeram suas experiências com diferentes marcas e tipos de antissépticos, acabando por comprovar que tal informação não era verdade. Embora tenha ficado provado que há uma redução da carga viral a curto prazo, os antissépticos e os colutórios orais não têm a capacidade de neutralizar o coronavírus humano.
Ainda assim, ficou provado que o uso de antissépticos orais poderá ser útil em situações específicas, como uma ida ao dentista e no atendimento de pacientes que estejam infectados com a COVID-19. Recentemente, o “Plan estratégico de acción para el período de desescalada COVID-19” (“Plano de ação estratégico para o período de desescalada COVID-19”, numa tradução livre do espanhol), publicado pelo Conselho Odontológico Espanhol, incluiu nas medidas profiláticas para as clínicas odontológicas, o uso de enxágue com CPC antes, durante e após o tratamento.
Antes de terminar, recordamos que, por norma, para as lavagens bucais, são recomendados o uso de dois tipos de antissépticos:
- Clorexidina: Um agente eficaz no controle do biofilme e no tratamento de doenças periodontais de origem bacteriana, graças ao amplo espectro de ação contra Gram + e Gram – microrganismos;
- Cloreto de cetilpiridínio (CPC): Um antisséptico de amplo espectro e perfeito para combater bactérias, vírus e fungos.
No contexto atual, recomenda-se o uso de cloreto de cetilpiridínio (CPC) no atendimento aos pacientes, já que o CPC tem uma substantividade de três a cinco horas, é solúvel em álcool e soluções aquosas, atuando como detergente e antisséptico e, como tem um pH neutro, não é corrosivo, nem oxidante. Porém, não se esqueça, para ser eficaz, o enxágue deverá apresentar uma concentração de 0,05% de cloreto de cetilpiridínio.