Novidades na prática diária do tratamento periodontal

No campo da ciência, a evolução é uma constante. Acreditamos que compete a cada profissional de saúde manter-se informado sobre as novidades e últimas práticas no âmbito do setor periodontal. Por isso, nesse artigo vamos contar a você sobre as últimas novidades na área e falar sobre:

  1. Nova classificação das doenças periodontais.
  2. Controle do biofilme dental (mecânico e químico).
  3. Uso de escova elétrica vs. manual.

1. Nova classificação das doenças periodontais

Pela primeira vez, em 2017, a Associação Americana de Periodontologia (AAP) e a European Federation of Periodontology (EFP) se juntaram para discutir as classificações das doenças periodontais. Apesar de, no ranking de prevalência de doenças mundiais, a periodontal ocupar o sexto lugar, o sistema existente ainda era bastante incompleto e pouco consistente, afetando os estudos da etiologia, da patogênese e do tratamento da patologia em causa.

A criação de um novo sistema de classificação periodontal estruturado e homogêneo, assim como o uso de um algoritmo simples e fácil de aplicar, é um progresso para os profissionais da área (cirurgiões-dentistas, higienistas e auxiliares) e para os investigadores e cientistas. Mas há mais vantagens:

  • Resposta eficiente às necessidades dos pacientes.
  • Melhora a comunicação entre os profissionais da saúde.
  • Fica mais fácil de ensinar e compartilhar conhecimento.

Evolução da Classificação da Patologia Periodontal

Pela primeira vez, em 1977, se fala de patologia periodontal. Nessa altura, os profissionais consideravam apenas a Periodontite Juvenil e a Periodontite Marginal Crônica. Mais tarde, em 1989, a lista aumentou passando a contemplar os conceitos de Periodontite pré-pubertária, a Periodontite Ulcerativa Necrosante, a Refratária ou a associada a doenças sistêmicas, entre outras.

Contudo, ainda havia conceitos omissos, como era o das doenças gengivais e não se tinha em conta as taxas de progressão da doença, nem sua relação com a idade, tornando impossível diagnosticar alguns pacientes. Mesmo em 1999, quando houve uma atualização, muitos profissionais continuaram apontando falhas e carências de diagnóstico.

                Em pleno século XXI, depois de grandes avanços científicos e novos desenvolvimentos e descobertas no campo da investigação das doenças periodontais, uma atualização era essencial. A nova Classificação da Patologia Periodontal nasce do esforço e conhecimento de cem profissionais especializados. De caráter dinâmico, permite a introdução de novos conceitos, podendo ser usada facilmente pelos trabalhadores com contato com pacientes, mas também nos campos da investigação e em estudos epidemiológicos. Para que tenha como referência futura, compartilhamos com você a classificação atual:

Classificação da Patologia Periodontal

Condições e doenças periodontais:

  • Saúde Periodontal.
  • Condições e doenças gengivais.
  • Periodontite.
  • Outras condições que afetam o periodonto.

Condições e doenças peri-implantares:

  • Saúde Peri-implantar.
  • Mucosite peri-implantar.
  • Peri-implantite.
  • Deficiências nos tecidos peri-implantares moles e duros.
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2. Discutir o controle do biofilme dental (mecânico e químico)

Estima-se que existam entre 200 a 300 bactérias – além das leveduras, protozoários, vírus e outros microrganismos – na boca do ser humano. Como você sabe, essas bactérias dão origem a microcolônias que, na cavidade bucal, são denominadas de biofilme dentário – ou placa bacteriana.

O biofilme dentário está presente de uma forma natural nas cavidades bucais, não sendo sinal de má higiene bucal ou falta de escovação. Contudo, o caso muda de figura quando os cuidados de higiene não são postos em prática de forma cuidadosa e rotineira. Aí surgem os problemas e diversas doenças – e muitas resistentes aos antibióticos. As doenças orais mais comuns são:

  • Cáries dentárias.
  • Doenças periodontais, como é o caso da gengivite ou da periodontite.

As novas tecnologias têm contribuído para os estudos do biofilme dental. Graças à microscopia de confocal a laser e às sondas de DNA já é possível obter imagens tridimensionais do biofilme. Para no futuro curar e combater doenças, cientistas têm trabalhado na verificação e identificação dos componentes do biofilme dental. Até lá, enquanto a cura não é possível, prevenir é o melhor conselho que você pode dar para seus pacientes.

Prevenção: seu melhor aliado

São esses os dois métodos de prevenção:

  1. Controle mecânico.
  2. Controle químico.

O controle mecânico diz respeito à escovação de dentes e ao uso de fio dental. Graças a esses dois métodos é possível evitar doenças a nível supragengival e subgengival. Já no consultório, o cirurgião-dentista deverá optar por uma raspagem supragengival, que deve ser feita a cada seis meses.

Quanto ao controle químico, tal como o nome indica, este diz respeito ao uso de produtos (pasta de dentes, gel, cremes, etc.) adequados para cuidar e tratar o biofilme. Esses produtos têm em sua composição cloreto de cetilpiridínio (um agente ativo na redução do biofilme) e fluoretos químicos. Outro agente popular é a clorexidina, um componente químico muito comum nos enxágues bucais e em outras soluções para bochechos.

3. Uso de escova elétrica vs. manual

Uma das mais acaloradas discussões no campo da medicina dentária diz respeito às melhores escovas de dentes. O sucesso crescente das escovas elétricas tem sido inevitável. Hoje em dia, as escovas de dentes elétricas apresentam modelos cada vez mais completos com diferentes modos de limpeza – escovagem de dentes sensíveis, proteção das gengivas, opção de limpeza prolongada, etc.

Outro recurso útil é um sensor incorporado que indica ao usuário quando está fazendo demasiada pressão nas gengivas. Muitos pacientes e cirurgiões-dentistas também parecem apreciar a cronometragem do tempo de limpeza dos dentes, assegurando que os dois minutos de escovagem são cumpridos. O temporizador das escovas elétricas também recorda, a cada 30 segundos, quando deve passar para outra parte da boca, de modo a limpar com eficiência os quatro quadrantes da boca.

As elétricas são também uma alternativa sustentável às escovas de dentes manuais de plásticos. Se bem que hoje em dia, consegue-se encontrar com facilidade escovas de bambu ou feitas de outros materiais reciclados nas farmácias e até no supermercado. Finalmente, faz sentido defender que a escova elétrica é melhor do que a manual? Ou será apenas uma melhor opção para prevenir más escovações e/ou insuficientes? Na verdade, a escova tradicional é bastante eficiente – se bem usada! Compete aos profissionais clínicos passar a mensagem correta a seus pacientes. No fundo, a pergunta deverá ser qual a melhor escova para cada paciente!

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