Antissépticos contra a Covid-19 e outras medidas de proteção

Recentemente, o Conselho Odontológico Espanhol publicou um artigo bastante pertinente sobre a ação dos colutórios bucais e dos seus componentes higiênicos contra a COVID-19. O documento, intitulado “Plano de ação estratégico para o período de desescalada COVID-19”, apresenta uma série de medidas profiláticas criadas no âmbito da odontologia. A grande novidade é que ressalta o uso do enxágue com CPC antes, durante e depois do tratamento dentário como um poderoso aliado na prevenção contra a propagação da COVID-19. 

Tal como aconteceu em nossas vidas e áreas profissionais, um dos efeitos colaterais da atual pandemia passou por instaurar novas rotinas e procedimentos.  

Nesse sentido, também os profissionais de medicina dentária tiveram que saber adaptar-se. Ainda mais, porque falamos de uma prática no campo da medicina onde o risco de contágio é real. Como todos sabemos, os principais canais de contágio passam pela inalação de gotículas de saliva e secreções respiratórias derivadas de tosse ou de espirros, assim como o contato através das mucosas (sejam elas nasal, oral ou ocular). Logo, não podemos ignorar que dentistas, periodontistas, higienistas e outros profissionais da área se encontram, sim, mais vulneráveis ao contágio.  

Por isso mesmo, qualquer medida, assim que descoberta, para minimizar esse risco, deve ser sempre compartilhada. 

Uso de CPC como medida profilática prévia 

Como referimos antes, segundo o artigo do Conselho Odontológico Espanhol, o uso do cloreto de cetilpiridínio (CPC) permite reduzir a carga viral na cavidade oral e, consequentemente, ajuda a prevenir a transmissão de doenças virais na prática clínica odontológica. Note que isto é válido para a COVID-19, mas também para outros vírus semelhantes, como é o caso do vírus sincicial respiratório ou de outros vírus coronavírus. 

Tendo isto em conta, o Conselho Odontológico Espanhol aconselha que o CPC deve ser administrado antes, durante e depois de cada tratamento. 

Além da clorexidina, o cloreto de cetilpiridínio é outro antisséptico popular. Enquanto a clorexidina parece ser mais eficaz para controlar o biofilme e para tratar doenças periodontais de origem bacteriana, o cloreto de cetilpiridínio parece apresentar uma ação mais ampla e eficaz no combate a bactérias, vírus e fungos, entre outras caraterísticas. 

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Principais características do cloreto de cetilpiridínio: 

Nesse sentido, recordamos-lhe as principais propriedades do CPC

  • Contribui para a degradação da camada lipídica do envelope de várias cepas do vírus. 
  • Substantividade de 3 a 5 horas. 
  • Monocultural por natureza. 
  • Solúvel em álcool e em outras soluções aquosas. 
  • Pode ser usado como detergente e antisséptico. 
  • Não corrosivo, nem oxidante.  
  • Apresenta um pH neutro. 

Segundo o artigo, para uma maior eficiência, deverá optar por produtos com uma concentração de 0,05% de cloreto de cetilpiridínio, pois apenas com esta dosagem será possível baixar a carga viral da boca do paciente.  

Outras medidas de segurança e higienização do consultório contra a COVID-19 

Apesar desta descoberta, é importante não negligenciar as demais medidas de proteção indicadas pelas autoridades locais. Ou seja, o uso do CPC não basta por si só para prevenir contra a COVID-19 e, muito importante, também não cura. Portanto, continua sendo importante que se respeite as demais medidas de segurança no seu consultório, continuando a: 

  • Usar equipamentos de proteção individual (EPI): luvas, máscaras (estas devem ser pelo menos do tipo 3), óculos e batas. 
  • Higienizar as mãos usando uma escova cirúrgica estéril com esponja para as mãos e unhas. Lave as mãos com frequência e sempre entre cada paciente. 
  • Usar diques de borracha. Está comprovado que são capazes de reduzir em 70% a concentração de aerossóis. 

Também é crucial que não descuide da limpeza e desinfecção da clínica, com principal destaque para as bancadas (sobretudo as de metal), maçanetas das portas e botões de elevadores.  

Além disso, a limpeza e esterilização dos instrumentos clínicos continua a ser tão importante quanto antes. 

Na hora de receber os pacientes também é essencial assegurar um atendimento e uma gestão organizada. Cumpra as diretrizes do estado de emergência da sua região, abrindo apenas quando há indicações – e condições – para tal. 

Nos casos em que tem permissão para estar aberto, receba apenas pacientes com consulta marcada e faça uma boa gestão dos agendamentos, exigindo pontualidade e cumprindo horários. Desse modo, poderá evitar filas na porta ou aglomerações na sala de espera.  

Aliás, na sala de espera, é recomendável que organize o espaço de modo a assegurar uma distância de dois metros (pelo menos) entre as pessoas. Também lhe aconselhamos a medir a temperatura dos pacientes que visitam o seu consultório e atenda apenas aqueles que se apresentam com máscara. Caso contrário, lembre-se: você está no direito de recusar o atendimento e a não tratar essa pessoa. Também é muito importante disponibilizar gel desinfetante ou outra solução com álcool para a limpeza das mãos. 

Além da segurança dos seus pacientes, recorde-se de cuidar e garantir que nada de mal aconteça aos seus funcionários, zelando pela saúde deles. Nesse sentido, sempre que possível permita que trabalhem de casa. Coloque também divisões para evitar contato direto com os demais colegas e com o público. Também é sua responsabilidade fornecer material de proteção aos seus funcionários – como máscaras, viseiras, luvas, etc. 

Enfim: na situação atual, respeitar as medidas de proteção e higiene é zelar e cuidar da saúde de todos. Certamente concordará conosco quando dizemos que, neste momento, essa é uma responsabilidade de todos nós! 

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